Mas eu conseguia ver tudo, mesmo existindo somente azul e raios brancos do sol, eu via quantas cores mais poderiam conter ali embaixo. As frestas de luz do sol que atingiam a areia branca pareciam se unir, e me davam uma sensação agradável de segurança pela profundidade poder ser visível.
Hoje eu estou aqui, de frente a uma janela pequena com uma visão retangular da noite. Não ouço barulho de ondas nem imagino animais marinhos no bravio mar noturno. Apenas vejo luzes amarelas e azuis – lâmpadas, alarmes, vidros e espelhos. Imagino um violão tocando alguma música que faça o coração subir em escalas. O trem passa e quase abafa a minha música imaginária.
Me deito toda noite sozinha em uma cama acolchoada em vermelho e ocre, quente demais para o verão, fria demais para o inverno.
Alguns devem estar pensando "loucura se mudar de um lugar assim", outros devem ter feito a escolha por opção.
Mas nada pode redirecionar tanto uma vida quanto um forte desejo no coração.
Mesmo que tenha se perdido, eu sei que o céu que vemos é o mesmo em todos os lugares.
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