5 de setembro de 2011

Alguém ainda dorme

Eram 4 mulheres que me acordaram. A primeira se chamava primavera e era doce, com movimentos sutis me trazia ao pescoço o perfume de uma manhã tão bela quanto ela, com sol a pino e vento dançando nas cortinas... Era jovem e angelical, ninguém a conhecia e nada se sabia a seu respeito, e por os olhos serem atraídos como ímã, todo seu ser era objeto de desejo.
A segunda se chamava verão e veio de repente queimando tudo que via. Ela era intensa e corajosa, sabia como derreter um coração, sabia do seu poder e sabia muito bem como provocava tanto querer.
A terceira se chamava outono e me acordou lá pelas três da tarde. Com um olhar rabugento, reprimiu o meu sono e o meu sorriso. Escancarou as janelas e deixou um frio leve entrar, me encolhi e ouvi seus passos se afastarem.
A quarta se chamava inverno e do modo que chegou, partiu. Era rígida e atordoada, nada lhe satisfazia e eu desconfiei que era superficial. Não. Era autêntica. Toda a dureza de uma aparência fria refletia tudo que tinha no coração: nada.



Somente ontem percebi, eram todas a mesma.
Só que o tempo foi mudando o que sentia. A rotina a deixou infeliz, um sono tranquilo não mais a instigava ao esforço de acordar outrém.

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